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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

"Brasileiros e pretos deviam morrer": Alunos da Universidade de Coimbra fazem campanha contra xenofobia

"Brasileiros e pretos deviam morrer": Alunos da Universidade de Coimbra fazem campanha contra xenofobia
Cartazes mostrados por estudantes em Portugal denunciam frases agressivas. "Brasileiros e pretos deviam morrer"
Objetivo é promover a tolerância entre colegas, mas faculdade garante que não há um ambiente xenófobo dentro do campus.
EDUARDO VANINI
RIO - Denúncias de discriminação contra brasileiros na Universidade de Coimbra, em Portugal, vêm ganhando visibilidade na internet, depois que vários estudantes começaram a publicar fotos com cartazes nos quais relatam situações constrangimento e preconceito. A mobilização faz parte de uma série de ações lideradas pelo grupo de estudantes “Lista R - Reset à AAC”, que também combate outras formas de discriminação vivenciadas no ambiente universitário, como racismo, homofobia e machismo.
As imagens, que começaram a circular no final do ano passado, mostram cartazes com frases como “os brasileiros e os pretos deviam todos morrer”, encontrada originalmente numa carteira da Faculdade de Letras, e "as alunas brasileiras precisam cuidar o comportamento, caso contrário, reforçarão o estereótipo de prostitutas, putas e fáceis", que teria sido dita por uma professora.

O grupo Lista R é uma espécie de chapa candidata ao comando da Associação Acadêmica de Coimbra, entidade equivalente aos diretórios centrais de estudantes no Brasil. Eles perderam a eleição, no fim do ano passado, mas as ideias difundidas por eles, de combate ao preconceito, continuaram a se propagar pelas redes sociais.
No site do grupo, é possível conferir o programa deles no que diz respeito à discriminação. O texto questiona: “Orgulhamo-nos da nossa internacionalização, mas saberemos realmente receber e incluir? A discriminação por origem étnica é um problema real dentro da universidade, que parece estar dissimulado nas malhas da boa aparência. Pouco é feito no que toca à integração das multi-culturalidades, o que leva a uma alienação e a um acréscimo do preconceito.”
Representantes da Lista, procurados pelo GLOBO via Facebook, se disseram impressionados com o alcance da campanha. Entretanto, eles informaram que só darão entrevistas após uma reunião marcada para este fim de semana.
Universidade nega acusação de xenofobia
Por meio de nota, a Universidade de Coimbra informou que, num universo de mais de 30.000 pessoas como o da instituição, há sempre discordâncias e desentendimentos pontuais, provocados pelas razões mais diversas, e que nada disso pode ser confundido com xenofobia. “Refutamos categoricamente a acusação de que haja um ambiente de xenofobia na Universidade de Coimbra. Em qualquer caso, se viermos a ter conhecimento de alguma situação de discriminação efetiva em função da nacionalidade, atuaremos com determinação, nomeadamente através de ação disciplinar.”
A universidade também informou que estudantes foram ouvidos, mas não apresentaram nenhuma queixa concreta contra ninguém. “Apesar de se ter apurado que algumas das afirmações que faziam eram falsas, empreenderam-se diligências diversas para saber se algum episódio concreto de xenofobia teria acontecido. Nada se detectou. Apesar disso, tomaram-se iniciativas construtivas e pedagógicas para combater e dissuadir atitudes xenófobas.”
A instituição também informou ter mais de 4 mil estudantes estrangeiros, de mais de 90 nacionalidades, e destacou que estudantes que se sintam vítimas de qualquer discriminação podem recorrer a profissionais e órgãos da universidade.
Fonte: O Globo


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