Na tarde de sexta-feira, dia 29 de novembro de 2013, foi realizada, no auditório principal do Centro Universitário Christus, a III Culminância de Trabalhos de alunos de Escolas de Ensino Profissionalizante da Rede Pública Estadual do Ceará, no Programa Trabalho Justiça e Cidadania da Associação dos Magistrados do Trabalho da 7ª Região.
O Projeto Trabalho, Justiça
e Cidadania é da ANAMATRA (Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho),
com realização pelas associações regionais as quais primam por difundir
direitos fundamentais sociais.
Na AMATRA VII (Associação
dos Magistrados do Trabalho da 7ª Região), desde 2011, vem sendo firmada uma
parceria com a Secretaria da Educação do Estado do Ceará, com o Centro
Universitário Christus (Unichristus) e patrocínio das premiações pela Vulcabrás.
Na Culminância,
encontravam-se representantes de todas as demais vinte e três Amatras (o
Encontro Nacional do TJC ocorreu em Fortaleza), membros da Justiça do Trabalho,
alunos das escolas estaduais responsáveis pelas apresentações artísticas
interdisciplinares, representante da SEDUC/CE, além de docentes e discentes da
Unichristus.
Da Faculdade de Direito
Unichristus estavam os membros do Projeto Comunidade e Direitos Sociais
acompanhados do professor orientador Clovis Renato Costa Farias, responsáveis
pelo desenvolvimento do TJC em 2013, a Coordenadora do Escritório de Direitos
Humanos Jacqueline Soares e o Coordenador adjunto do curso de Direito da
Unichristus, Henrique Frota, bem como a Professora Ana Virgínia, responsável
pela primeira parceria do Programa da Instituição.
Na base da organização
estava a cerimonialista Arlane Lopes auxiliada por Karolina Sampaio e Roberto, funcionário
do Tribunal Regional da 7ª Região e da AMATRA VII, respectivamente.
A mesa de abertura da solenidade
da culminância foi composta por Henrique Frota (Professor Coordenador Adjunto
do Curso de Direito da Unichritus), Maria do Socorro Santos (representante da
Secretaria da Educação do Estado do Ceará), Germano Siqueira (Juiz do Trabalho
e Vice-presidente da ANAMATRA), Silvana Ariano (Juíza do Trabalho e Diretora de
Cidadania e Direitos Humanos da ANAMATRA), Christiane Diógenes (Juíza do
Trabalho e Presidente da AMATRA VII), Eliete Teles (Juíza do Trabalho - Diretora
da Comissão Nacional do TJC), Kelly Porto (Juíza do Trabalho - Coordenadora do
TJC no Ceará), Francisco Tarcísio Guedes Júnior (Desembargador Vice-presidente
do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região - Gestor regional do Programa
Trabalho Seguro do TST).
Henrique Frota destacou que
“as portas do Centro Universitário estarão sempre abertas para as boas
parcerias e para os bons projetos”, relembrando que há três anos, quando a
professora Ana Virgínia Porto com a Juíza do Trabalho Kelly Porto apresentaram a
oportunidade dessa parceria, “tínhamos a sensação que esse seria um projeto que
traria muitos frutos bons, muitos frutos positivos, mas nós não tínhamos a
menor noção da repercussão de até onde poderíamos chegar com esse projeto”.
Ressaltou que as
potencialidades do projeto são tão grandes internamente para a Instituição de
Ensino Superior, para as escolas públicas, para a Justiça do Trabalho por se
aproximarem do cidadão e da cidadã conscientizando.
A verdade, continuou o
Coordenador, é que durante esses três anos, descobrimos que termos ‘pernas
maiores’, temos ‘asas’ que voam mais alto e que nós podemos avançar cada vez
mais. Por isso, a cada ano, renovamos essa parceria e temos o ritual entre a
Unichristus e a AMATRA da 7ª Região de sempre terminar o ano avaliando nossa
parceria e firmando novamente o pacto para o ano seguinte. Desse modo, seguiu,
“percebemos a cada vez que os frutos
desse projeto ultrapassam qualquer gestão acadêmica aqui na universidade. É um
projeto, que, por nós, vai perdurar por muito mais tempo. Essa parceria permite
que os alunos do curso de Direito da Unichristus possam de fato ter uma
educação jurídica completa”.
Quanto ao perfil da
instituição educacional, esclareceu que o centro universitário não acredita em
um ensino do Direito que se restrinja à sala de aula, de modo que pretende exercitar
e realizar a educação jurídica em sua plenitude, proporcionando aos discentes
um contato direto com a realidade, nas pesquisas científicas e em projetos como
o Trabalho, Justiça e Cidadania, os quais desenvolvem habilidades incomuns. Assim,
têm oportunidade de estudar Paulo Freire, Educação Popular, elaborar notícias,
redigir relatórios, fazer projetos científicos, que certamente farão deles
profissionais diferenciados e provavelmente, Magistrados do Trabalho, membros
do Ministério Público, Advogados, todos bem sucedidos, especialmente por conseguirem
enxergar que a formação do profissional do Direito não é apenas a formação
técnica, exige também muita sensibilidade.
Ao concluir, reafirmou que
o centro universitário se preocupa com o seu papel na sociedade e não pode
apenas se contentar com os resultados internos. Demarcou crer que o contato
também tenha provocado transformações nas vidas de todos, mutuamente. Passo em
que nominou os alunos que compõem Projeto Comunidade e Direitos Sociais
(implementador do TJC na Unichristus), especialmente por ser em razão deles também
que o projeto existe e por conta do trabalho desenvolvido que se conseguiu
chegar a esse momento. Assim, agradeceu de público a Bianca, Andréa, Carmelita,
Brenda, Venâncio, Brena, Monique, Jéssica, Lia e Luana, bem como ao trabalho
desenpenhado ao longo desse ano sob a orientação do Professor Clovis Renato e
da Coordenadora Jacqueline (responsável pelo Escritório de Direitos Humanos).
Na sequência, Maria do
Socorro Santos, representante da Secretaria da Educação do Estado do Ceará,
manifestou que a SEDUC tem muito a agradecer ao trabalho realizado pelo TJC nas
escolas. “É gratificante, porque são jovens que são preparados para o mercado e
para a vida, os quais chegarão muito mais capacitados, conhecedores de seus
direitos e deveres. A formação recebida pelo TJC é levada para outros ambientes
fora da escola, tais como família, grupos e comunidade”, destacou.
Ao final, reafirmou o
compromisso com a AMATRA VII para os anos vindouros, disponibilizando esforços
para o aprimoramento do TJC junto à SEDUC, principalmente para que essa
formação chegue a outros municípios. Informou que o TJC já chegou a algumas
escolas da Região Metropolitana, mas são atualmente 97 escolas no Estado e brevemente
serão 140 em no Ceará.
Christiane Diógenes (Presidente
da AMATRA VII) agradeceu a parceria com a Faculdade de Direito e relembrou que,
em 2012, o Professor Clovis Renato Costa Farias, pelo trabalho desempenhado no
EDH/Unichristus, foi contemplado com o Prêmio Nacional de Direitos Humanos da
Anamatra. “São parcerias que vêm dando
certo, do mesmo modo, com a SEDUC/CE, as quais têm proporcionado o encontro com
os alunos, proximidade que é um dos maiores presentes no contato com as
escolas, com os alunos e a troca de experiências. As apresentações são o
resultado de um ano inteiro de trabalho dos alunos da Unichistus, da SEDUC, das
Juízas do Trabalho Kelly, Kaline, e Daniela.”
Em 2013, continuou a
presidente, “temos uma apresentação mais
seleta ainda pela presença dos representantes das AMATRAs do país. Todos
estamos aqui como aprendizes e esperamos, de certa forma, contribuir para a
formação de cidadãos melhores”.
Com relação ao papel da
magistratura, destacou que “como juízes suas
atividades vão além do Fórum em atividades com o TJC, que deve ser replicado em
todas as Regiões do Trabalho que não desenvolvem o Programa.”
Germano Siqueira (Vice Presidente da ANAMATRA) ressaltou que:
Germano Siqueira (Vice Presidente da ANAMATRA) ressaltou que:
“o TJC é um referencial de ética para todos e sensibiliza a sociedade,
de modo que, no final da Culminância, se percebe o resultado final de
aprendizado. O Programa não é uma palestra, não é passar um dia pela vida das
pessoas, não é visitar os alunos das escolas para depois simplesmente ir
embora. É algo muito maior que isso. É tentar, de alguma maneira, e ainda não é
tudo, ainda não é como deveria ser, tentar re-oportunizar a vida, reunir as
pontos que algum dia foram distanciados. É um sonho talvez, um sonho meio
estranho e o TJC tem esta quimera. Então, nosso sonho de vida talvez, nosso
projeto do TJC é tentar superar essa perspectiva, juntando a escola pública, juntando
os parceiros, os governos, os tribunais, para definir o conceito de cidadania
mesmo em uma sociedade muito desigual. A lição é bem aprendida, porque em toda
culminância, o resultado visto é mais do que esperamos. O projeto TJC vai
acumulando e por isso que não para nunca.”
Silvana Ariano (Diretora de
Cidadania e Direitos Humanos da ANAMATRA) compartilhou seu depoimento ao
destacar que:
“Estamos aqui para uma celebração, uma celebração do conhecimento, da
experiência de vida de cada um de nós, independente de qualquer posição
estejamos aqui hoje, sejam alunos, professores, orientadores, Secretaria da
Educação e juízes. O TJC é aplicado hoje em 21 das 24 AMATRAs, estando em
praticamente em todos os Estados. Já atingiu mais de 80 mil estudantes,
centenas de professores e monitores que também acompanham o trabalho. A cada
culminância, a gente sente que é única, especial, que é introjetada como uma
experiência de vida que não vai nos deixar nunca. Então os números grandiosos
do TJC não são mais importantes que as experiências de cada um dos alunos, dos
professores e dos juízes que estão aqui. Os juízes se sentem profundamente
honrados em participar de um como projeto esse. Para nós, é um aprendizado de
extrema importância, os juízes são juízes melhores a cada momento porque tem
contato com o TJC, levam essa experiência enriquecedora, esse contato que nos
anima para continuar com as nossas funções. Relações que tornam os juízes
melhores em suas decisões, também contribuem como podem para o seu conhecimento
especifico, bem como para a cultura do nosso país, a cultura dos direitos, de
modo que a importância da luta pelo direito se revitalize em cada uma das
pessoas, estejam elas na idade em que estiverem, à quem está saindo ou entrando
no mercado de trabalho, àquele que tem futuro pela frente. Eu só tenho a
agradecer, estamos todos muito orgulhosos, sabemos que a culminância é um
resultado de um processo riquíssimo que envolve todos os parceiros em uma
caminhada que deve continuar.”
Eliete Teles (Diretora da Comissão Nacional do TJC) ressaltou ser importante colocar as palavras que estão no coração e trazer para os participantes a emoção que a beleza e a certeza de que é possível colaborar com um mundo melhor. O projeto trás frutos de uma conscientização e desejo de melhorar a democratização interna do Judiciário, da consciência de que o Juiz tem que se aproximar mais da sociedade, indo às pessoas, aprimorando seu mister. Não basta ser juiz apenas em Fórum, tem que ser cidadão lá fora e ser juiz lá fora e ser cidadão dentro da magistratura e usar a simbologia e o peso da postados na importância do cargo para construir, ajudar, melhorar a cidadania.
Eliete Teles (Diretora da Comissão Nacional do TJC) ressaltou ser importante colocar as palavras que estão no coração e trazer para os participantes a emoção que a beleza e a certeza de que é possível colaborar com um mundo melhor. O projeto trás frutos de uma conscientização e desejo de melhorar a democratização interna do Judiciário, da consciência de que o Juiz tem que se aproximar mais da sociedade, indo às pessoas, aprimorando seu mister. Não basta ser juiz apenas em Fórum, tem que ser cidadão lá fora e ser juiz lá fora e ser cidadão dentro da magistratura e usar a simbologia e o peso da postados na importância do cargo para construir, ajudar, melhorar a cidadania.
Esclareceu, concluindo, que
está há dez anos vem acompanhando essa mudança em diversos lugares do Brasil,
em diversas escolas públicas e Varas do Trabalho, vendo cada vez mais coisas
bonitas apresentadas. É uma forma de interação, participação e parceria para
contribuir com uma vida melhor.
A Juíza do Trabalho Coordenadora do TJC na AMATRA VII, Kelly Porto, encerrou as falas da mesa destacando que somos pessoas melhores por conta dos nossos valores, os quais são, também, repassados pelo TJC. “Estamos vivendo um processo de doação e democratização de conhecimentos em que temos que repartir o que recebemos para que nosso país avance. O que se impõe como contraponto contemporâneo, diante de um mundo que tem se apresentado repleto de egoísmo, com grande falta de amor ao próximo”, manifestou.
A Juíza do Trabalho Coordenadora do TJC na AMATRA VII, Kelly Porto, encerrou as falas da mesa destacando que somos pessoas melhores por conta dos nossos valores, os quais são, também, repassados pelo TJC. “Estamos vivendo um processo de doação e democratização de conhecimentos em que temos que repartir o que recebemos para que nosso país avance. O que se impõe como contraponto contemporâneo, diante de um mundo que tem se apresentado repleto de egoísmo, com grande falta de amor ao próximo”, manifestou.
Compreende que tal contexto
dominante tem como consequência a violência, o individualismo, a comodidade, o
consumismo desregrado que tem formado filhos desvirtuados. Assim, é importante
buscarmos mudar essa realidade, começarmos a nos preocuparmos com o outro, valorizando,
o que é preocupação no TJC. Há doação, democratização, conhecimento adquirido e
formação de multiplicadores no Programa, conforme a magistrada.
Em continuidade, questionou:
“Quantas pessoas sofrem opressões, sofrem
assédio moral porque não sabem o que podem fazer ou a quem recorrer”. E
concluiu que no final o que vai ficar é o conhecimento de quem procurar, como
se defender e de que o Poder Judiciário não é algo inacessível, bem como terão
informações sobre como procurar o sindicato ou outras instituições de apoio.
Assim, encerrou sua fala declarando que se sente mais humana na vivência desse
ato complexo que envolve todos esses sentimentos e trocas, as quais pretende
continuar.
Para o TJC, a Juíza deseja que surjam mais voluntários, uma vez que não é fácil instrumentalizá-lo com ajuda diminuta. No momento, ainda há poucos recursos financeiros e humanos, sendo um verdadeiro milagre o que tem ocorrido no Ceará, do ponto de vista estrutural e logístico, especialmente por ser um projeto voluntário que não envolve recursos financeiros.
Para o TJC, a Juíza deseja que surjam mais voluntários, uma vez que não é fácil instrumentalizá-lo com ajuda diminuta. No momento, ainda há poucos recursos financeiros e humanos, sendo um verdadeiro milagre o que tem ocorrido no Ceará, do ponto de vista estrutural e logístico, especialmente por ser um projeto voluntário que não envolve recursos financeiros.
Após a mesa de abertura,
houve a exibição do vídeo elaborado pelo Grupo de integrantes do Projeto
Comunidade e Direitos Sociais (EDH/Unichristus -Andréa Ponte, Bianca Rocha,
Brena Brasil, Brenda Menezes, Carmelita Coêlho, Jéssica Marques, Lia Bomfim,
Luana Mendes, Monique Medeiros e Venâncio Camurça Júnior – orientados pelo
Professor Clovis Renato Costa Farias), com foco na realização do TJC em 2013.
As apresentações artísticas
dos alunos das escolas públicas, com ênfase nos direitos sociais aprendidos
durante o desenvolvimento do projeto, foram iniciadas pela EEEP Presidente
Roosevelt (Bairro Farias Brito - Diretora Germana Pacelli), com três
apresentações.
A esquete teatral, com o
título “Assédio Moral, trouxe a protagonista sofrendo humilhações racistas por
seu patrão, o que gerou reclamação trabalhista com audiência em Vara do
Trabalho e decisão que condenou, após instrução probatória com testemunhas, o
patrão a indenizar a protagonista.
O aluno Pedro Martins (atuou no papel do patrão assediador) relatou que “pretenderam tratar sobre o assédio moral porque é um dos principais problemas ocorridos nos fóruns trabalhistas”.
O aluno Pedro Martins (atuou no papel do patrão assediador) relatou que “pretenderam tratar sobre o assédio moral porque é um dos principais problemas ocorridos nos fóruns trabalhistas”.
Na sequência, houve a apresentação
de um documentário feito pelos alunos abordando a temática “Estágio”. Relatou o
universo dos alunos e dos professores da escola explicando sobre a importância
do estágio, a parte concedente, a função do estágio e a experiência de duas
estagiárias.
Filipe Sales, um dos produtores
do documentário, dispôs estar muito feliz pelos esclarecimentos repassados,
especialmente por ter lhe incentivado a pretender cursar Direito e,
provavelmente, participa do TJC no futuro, nos moldes do que está sendo realizado
pelos acadêmicos da Unichristus.
A última participação da escola se deu com uma pequena peça teatral sobre “Sindicato”, com narração pela aluna Brena Késsia. Ao fundo, no curso da fala da aluna, o elenco atuava retratando a história sobre trabalhadores de uma construção civil que sofriam com o abuso de seus chefes. Era constante a temática do aumento excessivo das jornadas de trabalho e a ausência do adicional, levando os trabalhadores a procuraram seu sindicato para aproxima-se da categoria no local de trabalho e negociar o ajustamento das condições de trabalho.
A segunda escola a se apresentar foi a EEEP Comendador Miguel Gurgel (situada no Bairro Messejana - Diretora Humberlândia Granjeiro). Revelou uma peça teatral cômica, dramática e encantadora.
Veja o vídeo 2013 - TJC/EDH-Unichristus (Comunidade e Direitos Sociais)
A última participação da escola se deu com uma pequena peça teatral sobre “Sindicato”, com narração pela aluna Brena Késsia. Ao fundo, no curso da fala da aluna, o elenco atuava retratando a história sobre trabalhadores de uma construção civil que sofriam com o abuso de seus chefes. Era constante a temática do aumento excessivo das jornadas de trabalho e a ausência do adicional, levando os trabalhadores a procuraram seu sindicato para aproxima-se da categoria no local de trabalho e negociar o ajustamento das condições de trabalho.
A segunda escola a se apresentar foi a EEEP Comendador Miguel Gurgel (situada no Bairro Messejana - Diretora Humberlândia Granjeiro). Revelou uma peça teatral cômica, dramática e encantadora.
No início, retratou-se uma
diarista em mais um comum dia de trabalho, tomando consciência de determinados
desrespeitos ao ligar o rádio em um programa sobre os direitos do trabalho. Conforme
ia escutando, percebia temas afins aos direito das diaristas e domésticos, o
que fazia com se animasse a questionar a realidade.
O modo como foi apresentada
e encenada a residência em paralelo com o programa de rádio foi inovador,
apenas com a caixa de rádio no chão e o ator, à mostra para a plateia, encenado
a voz do locutor. Havia utilização de adereços, fazendo com que a plateia
visualizasse diversos personagens interpretados pelo mesmo ator (radialista).
Assim, usou um xale para representar uma idosa, um chapéu representando um
homem e uma tiara para uma moça, tudo feito em sequência.
No momento seguinte, os alunos que faziam parte do elenco da escola, usando figurino preto e sentados em diferentes lugares do auditório, passaram a se levantar, um por vês, para recitar estrofes divididas do poema “O operário em construção” de Vinícius de Moraes, rumando em direção ao palco montado.
No momento seguinte, os alunos que faziam parte do elenco da escola, usando figurino preto e sentados em diferentes lugares do auditório, passaram a se levantar, um por vês, para recitar estrofes divididas do poema “O operário em construção” de Vinícius de Moraes, rumando em direção ao palco montado.
“O Operário em Construção” de Vinícius
de Moraes
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão -
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
- "Convençam-no" do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.
Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão -
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
- "Convençam-no" do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.
Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.
Após a declamação, todos se
juntaram no palco e, ao som do violão (tocado por João Victor Guimarães - ator
que interpretara o radialista), cantaram a música “Trabalhador” de Seu Jorge.
A última escola a se
apresentar foi a EEEP Dona Creuza do Carmo Rocha, Bairro Monte Castelo,
dirigida pelo Professor Helonis Brandão.
As três apresentações
envolveram teatro, música e dança, de modo que o primeiro número seguiu por uma
paródia da música “Eu só quero um xodó”
de Dominguinhos.
A paródia tratou sobre a
importância do conhecimento sobre as normas brasileiras, especialmente as que
envolvem os direitos sociais, para o aprimoramento dos cidadãos.
A esquete teatral “Os mortos vivos” de estilo aproximado do
gótico, com elementos contemporâneos, foi a segunda apresentação da escola. O
elenco estava maquiado de caveira com figurinos pretos e rostos pintados, os
quais seguiram deitados no chão, ao som de música instrumental de suspense e
terror. Todos se contorciam e gritavam, de
forma intercalada entre as três cenas de mímica. Não havia falas, mas ações
truculentas, assediantes e discriminatórias, com fortes expressões corporais e
faciais por parte dos atores.
Para Bianca Rocha
(EDH/Unichristus), a peça teve como finalidade a conscientização das pessoas
sobre os mortos vivos, uma definição que os alunos tentaram aproximar das
pessoas que mesmo vivas, estão mortas pela sociedade, seguem vidas sem
reflexão, apenas sofrendo os revezes das distorções sociais, em especial nas
relações de trabalho.
Na apresentação posterior,
o aluno Judá Ben Hur tocou a música “Asa
Branca” com uma rabeca e, seguindo com a aluna Gerlânia Silva, recitaram um
cordel distribuído pela escola (elaborado pelos próprios alunos e pelo Diretor
da escola Helonis Brandão).
Bianca Rocha ressaltou ter
sido perceptível, em todas as apresentações, o quanto a arte se relaciona com o
Direito, facilitando a compreensão para a utilização no cotidiano das pessoas,
tudo viabilizado neste momento pelo Programa Trabalho, Justiça e Cidadania
(TJC/Amatra VII) com o Projeto Comunidade e Direitos Sociais (EDH/Unichristus)
nas escolas coordenadas pela Secretaria de Educação do Estado do Ceará.
A arte esteve presente na
literatura com a recitação do poema de Vinícius de Moraes, na valorização
nordestina com as obras de Dominguinhos e Luiz Gonzaga, bem como por meio do
cordel do TJC.
A música regional em tom
clássico, ao som da rabeca (instrumento de cordas pertencente à mesma família
do violino e do violoncelo). A junção do clássico ao regional mostrou profunda
criatividade e talento, brotando do trabalho desenvolvido pelo TJC nas escolas
públicas profissionalizantes.
A culminância emocionou, demonstrou
conscientização, como diria Ferreira Gullar: “A arte existe porque a vida não basta”.
Após as apresentações
artísticas interdisciplinares, os diretores das três escolas foco do TJC em 2013
receberem uma Placa de Homenagem pela Amatra VII, assim como os alunos, tanto
das escolas quanto da Unichristus, foram presenteados com pares de tênis doados
pela Vulcabrás.
A Culminância do TJC, de
forma brilhante, foi encerrada com grande satisfação, o que foi facilmente
percebido nos semblantes dos magistrados, alunos das escolas públicas
profissionalizantes, estudantes de Direito, professores do Centro Universitário
Christus, advogados e demais participantes.
Fotos: Andréa Ponte e Bianca Rocha / Edição: Clovis Renato Costa Farias
Fotos: Andréa Ponte e Bianca Rocha / Edição: Clovis Renato Costa Farias
Projeto Comunidade e Direitos Sociais
EDH-Unichristus
Faculdade de Direito
Clovis Renato Costa Farias
Professor Orientador - Projeto Comunidade e
Direitos Sociais
EDH-Unichristus
Faculdade de Direito
Doutorando em Direito pela Universidade
Federal do Ceará
Bolsista da CAPES
Autor da obra “Desjudicialização: conflitos coletivos do trabalho”
Páginas:
vidaarteedireito.blogspot.com
Periódico Atividade (vidaarteedireitonoticias.blogspot.com)
Canal Vida, Arte e Direito
(www.youtube.com/user/3mestress)
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