Na
verdade, nossa posição é que sempre estamos prestando serviço a alguém [....]
estamos constitucionalmente destinados a prestar serviço; porém, apesar de
servirmos da melhor forma possível, não ficamos satisfeitos. Tampouco a pessoa
a quem prestamos serviço fica satisfeita. Na plataforma material, todos estão
frustrados. O motivo para isso é que o
serviço que está sendo prestado não está direcionado corretamente. [...] Se a Suprema Personalidade de Deus é
servida, todas as outras partes integrantes ficarão automaticamente
satisfeitas. [...] Deus existe e
podemos vê-lo a cada momento. [...] Devemos nos lembrar que esta forma particular
de vida humana é alcançada após uma evolução de muitos milhões de anos no ciclo
transmigratório da alma espiritual. [...] Recebemos
esta forma humana de vida não apenas para trabalhar arduamente como o suíno ou
o cão, mas também para alcançar a perfeição máxima da vida. [...] Não estamos destinados a resolver apenas os
problemas econômicos da vida, equilibrando-nos em uma plataforma vacilante; ao
contrário, nosso objetivo é solucionar problemas fundamentais da vida, os quais
surgem devido às leis da natureza. A civilização permanece estática a menos
que haja movimento espiritual. A alma
movimenta o corpo, e o corpo vivo movimenta o mundo. [...] O corpo humano é um excelente veículo
através do qual podemos alcançar a vida eterna. É um barco raro e muito
importante para atravessar o oceano da ignorância, que é a existência material.
[...] Há, sem dúvidas, bastante conforto no vagão de primeira classe de um
trem, mas se o trem não anda em direção a seu destino, qual a vantagem de se
ter um compartimento com ar condicionado? A civilização contemporânea está
demasiadamente interessada em fornecer conforto ao corpo material, mas ninguém
possui informações acerca do verdadeiro destino da vida, que é voltar ao Supremo. Não devemos ficar
apenas sentados em um compartimento confortável; devemos examinar se nosso
veículo está indo ou não para o seu verdadeiro destino. Não há vantagem alguma
em fornecer conforto ao corpo material à custa do esquecimento da principal
necessidade da vida, que é recuperar
nossa perdida identidade espiritual. Infelizmente, este corpo está ancorado
na consciência mundana através de cinco fortes correntes, que são: 1) apego ao
corpo material devido a ignorância de fatos espirituais, 2) apego a parentes
devido a relações corpóreas, 3) o apego à terra natal e a posses materiais tais
como casa, móveis, bens, propriedades, documentos, etc. 4) o apego à ciência
material, que sempre permanece obscura por falta de clareza espiritual, e 5) o
apego às normas religiosas e aos rituais sagrados sem conhecimento da Personalidade
de Deus ou seus devotos, os quais o
tornam sagrados. Tais apegos, que ancoram o corpo humano, [...] Eles são
comparados a uma figueira-de-bengala de raízes profundas que está constantemente
aumentando sua aderência a terra. É muito difícil desenraizar esta forte figueira-de-bengala,
mas o Senhor recomenda o seguinte processo: “A forma real dessa árvore não pode ser percebida neste mundo. Ninguém
pode entender onde ela termina, onde começa ou onde está sua base. Porém, com
determinação, deve-se cortar essa árvore
com a arma do desapego. Fazendo isto, deve-se buscar aquele local no qual,
uma vez ali chegando, nunca se retorna, e render-se àquela Suprema
Personalidade de Deus de quem tudo começou e em quem tudo repousa desde tempos
imemoriais.” (Bhagavad-gitã 15.3-4). [...] nossa existência material deve ser cem por cento espiritualizada. O
ferro não é fogo, mas pode ser convertido em fogo pelo contato constante com o
fogo. Analogicamente, o desapego das atividades materiais pode ser efetuado
através de atividades espirituais, e não pela inércia material. [...]
Aquele que está convencido de sua identidade espiritual e está livre da
concepção material de existência, que está livre da ilusão e é transcendental
aos modos da natureza material, que se ocupa constantemente em entender o
conhecimento espiritual e que se afastou completamente da gratificação dos
sentidos pode voltar ao Supremo. [...] está livre da dualidade de felicidade e
aflição.
(Ciência
da Autorrealização – Descobrindo o Eu. A. C. Bhaktivedanta Swain Prabhupãda. p.
19-25)
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