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Mesa de abertura |
O evento
ocorreu no auditório da Câmara Municipal de Fortaleza, Rua Dr. Thompson Bulcão
nº 830, Bairro Patriolino Ribeiro, a partir das 15h do dia 07 de maio, com requerimento
da Vereadora Toinha Rocha (PSOL), subscrito pelo Vereador João Alfredo (PSOL),
objetivando tirar encaminhamentos para efetivar o combate contra a
criminalização de militantes e movimentos no Município de Fortaleza.
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Clovis Renato, Sharlon, Maria Luiza |
Conforme a
Câmara Municipal, a audiência surgiu de uma demanda da Central de Movimentos
Populares (CMP/Ceará) que, durante uma manifestação realizada em 2009 diante da
Unidade do Juizado Especial do Monte Castelo, sofreu forte repressão
institucional e houve abertura de processo judicial contra a Senhora Maria
Eliane Silva de Almeida, militante e membro da Coordenação Estadual e Direção
Nacional da CMP.
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Vereadora Toinha Rocha |
Ademais, houve
criminalização das famílias que ocuparam apartamentos no Conjunto Dom Helder
Câmara, após solicitarem ao Ministério Público a fiscalização da situação da
distribuição das unidades, atendendo a pessoas que estavam fora dos critérios
de baixa renda. Tais moradias foram construídas com recursos federais pelo Governo
do Estado do Ceará, por meio do PAC para famílias de áreas de risco. Em tal
contexto, o MSC/CMP-CE foi contemplado com 100 moradias.
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Cineide |
Destacou-se
que Fortaleza é a 5ª cidade mais desigual do mundo, uma vez que apenas 7% da
população detém 26% de toda a riqueza da cidade. Conforme a fundação João
Pinheiro, em 2008, o déficit habitacional (falta de moradia) na Região
Metropolitana de Fortaleza era de 101.266 unidades, sendo que 94,6% são de
famílias com renda de até três salários mínimos. Na Região Metropolitana de
Fortaleza são mais de 91.551 imóveis vazios, descumprindo qualquer função
social. Ainda, segundo levantamento do Movimento Nacional População de Rua
(MNPR), havia em 2012 cerca de 5 mil morando nas ruas na capital cearense.
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Faixas laterais |
A mesa de
debates foi composta pelos vereadores Toinha Rocha e João Alfredo, bem como
pela Coordenadora da Central de Movimentos Populares Cineide Almeida, pela
Assistente Social do Programa Proteção aos Defensores de Direitos Humanos Raquel
Leão, pela Advogada do Escritório Frei Tito Marília Passos, pelo Vice
Presidente da Comissão de Direito Sindical OAB/CE Clovis Renato Costa Farias,
pela ex-Prefeita de Fortaleza Maria Luíza Fontenele, pela Secretária Executiva
da Central Única dos Trabalhadores (CUT/CE) Carmem Santiago, pela representante
da Crítica Radical e ex-Vereadora do Município de Fortaleza Rosa Fonseca, pelo
Secretário de Comunicação do Partido Comunista Brasileiro Leonardo Lima, pelo
Coordenador da Unidade de Classes Ribamar Almeida, pelo Coordenador do
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Doris Soares e pelo Presidente do
Sindicato dos Gráficos do Ceará Rogério Andrade.
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Público atento |
A plateia
estava composta por diversos integrantes de movimentos sociais e sindicalistas,
a qual acompanhou os depoimentos e escutou os esclarecimentos dos diversos
órgãos e instituições sensíveis e responsáveis pela realização dos direitos
humanos. Houve presença da Brigada Leonardo Boff (Serrinha), da Comunidade do
Arvoredo, da Brigada Dom Aluísio, da Brigada Santo Dias (Castelo Encantado), da
Comunidade Lagoa Azul (Euzébio), da Brigada Rosa Luxemburgo (Passaré), da
Comunidade Cambeba, dos Movimentos dos Conselhos Populares (Serviluz) e do Olga
Benário Consulta Popular.
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Movimentos presentes |
A
audiência começou com a apresentação de alguns depoimentos de pessoas que estão
passando por perseguições em razão de atuarem em movimentos populares, com
ênfase nos despejos arbitrários e nos processos judiciais, em razão de supostas
ocupações irregulares de terrenos desabitados em Fortaleza.
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Reivindicações |
O
representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/CE) Clovis Renato (Vice
Presidente da COMSINDICAL OAB/CE) parabenizou a iniciativa da Vereadora Toinha
Rocha, especialmente pela visibilização
de atos promovidos de forma autônoma e, por vezes com apoio do Poder estatal,
em espaço tão importante como o parlamento municipal. Tais movimentos, quando noticiados pelos meios de comunicação, são rotulados negativamente e, no mais das
vezes, tornados invisíveis, com banalização pelos meios de comunicação
de massa da essência das lutas. Tal ação participa do processo de emancipação humana, partindo da informação legítima
apresentada pelos atores e atoras na realidade.
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Clovis Renato |
Destacou o
papel da instituição em defesa dos
direitos fundamentais sociais, nos quais se incluem saúde, educação,
moradia, trabalho, previdência, lazer, dentre outros. Ressaltou o papel dos movimentos e instituições para a garantia da dignidade da pessoa humana.
No caso, ressaltou a opressão pela qual tem passado os reivindicantes de
direitos, com condutas arbitrárias, como as desocupações violentas, as condutas
anti-sindicais, as perseguições processuais (como o caso que tem ocorrido em
Limoeiro do Norte e sindicalistas), propondo um intrincamento dos movimentos
populares, de trabalhadores e demais para a conquista de uma sociedade mais
justa e solidária.
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Debate |
Dentre os
problemas apresentados na audiência, destacou-se que Eliane Almeida, membro da
direção estadual e nacional da CMP, por contribuir cotidianamente na
organização popular, em especial na luta por direitos coletivos, é acusada em
processo judicial com base no Código Penal Brasileiro por invasão de domicílio,
incitação ao crime, formação de quadrilha e desacato a funcionário público.
Situação, segundo os movimentos, forjada para desarticular as ações e intimidar
as lideranças.
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Problemas apresentados |
Na ocasião
foi proferida uma menção de repúdio aos atos de criminalização das lutas
populares por parte de integrantes do Estado, o que ocorre em atitudes de
intolerância e arbitrariedade na forma de lidar com os conflitos urbanos. Para
tanto, ressaltou-se que o Estado não tem cumprido efetivamente suas obrigações
na garantia dos direitos sociais, particularmente o direito de moradia, de modo
que se repisou a manutenção das lutas até então travadas.
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Ativistas |
Em nota de
repúdio, dispôs-se que a não realização da reforma agrária no Brasil expulsou a
maioria da população para as cidades, de modo que em 2001 a população urbana
atingiu 81%, com a maioria do contingente vivendo de forma precária nos piores
espaços. Conforme o manifesto: “Homens e
mulheres abandonados à própria sorte lutam incansavelmente por uma vida digna,
buscam melhores condições de vida nas cidades, mas acabam se reencontrando com
o sofrimento e passam a integrar bolsões de miséria urbana. [...] o Estatuto da Cidade não está sendo aplicado
e o direito à moradia digna no Brasil não é garantido pelo Estado.”
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Crianças no auditório com as famílias |
Observou-se
que a falta de políticas públicas para atender às necessidades básicas da
população pobre, do campo e da cidade, tem exigido a organização popular na
luta por terra e moradia. Ainda, que a postura dos governos e demais
instituições legais, comumente tende à repressão e à criminalização dos
movimentos organizados, por meios como os despejos forçados de populações, a utilização
do aparato repressor contra as manifestações populares e a constante tentativa
de imposição de processos judiciais contra as lideranças dos movimentos.
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CMP |
A
audiência foi encerrada após as falas e debates da mesa e da plateia, com
apresentação de encaminhamentos conjuntos a serem tomados pelos diversos atores
sociais, públicos e privados, para eliminar a criminalização arbitrária dos
movimentos sociais em Fortaleza.
Fotos: Sharlon Costa (CMP)
Clovis Renato Costa
Farias
Doutorando em Direito da UFC/Bolsista da CAPES
Professor membro do EDH/Unichristus
Orientado do Projeto Comunidade e Direitos
Sociais
Membro do GRUPE, do Instituto Pensar Direito
(IPD) e da ATRACE
Vice Presidente da Comissão de Direito Sindical
da OAB/CE
Autor da obra ‘Desjudicialização: conflitos
coletivos do trabalho’ e das Páginas:
Prof. A reinvidicação dos militares estaduais também é um movimento social, porém é o que mais sofre sanções e penalidades por parte do Estado. E quando me refiro a movimento social promovido por militar estadual, quero dizer todas forma de articulação, não falando em paralização das atividades, mas ao simples fato de reunir-se com suas associações (que é um direito garantido na constituição) ou manifestar o apoio a determinado candidado a um cargo público. Diante disso, gostaria de pedir a V. S. que incluísse esse movimento em sua pauta de debates.
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