Representantes de países da Ásia e África chegam ao Brasil para intercâmbio em políticas sociais

 Quase um ano depois de ser criado, o Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (PMA) recebe esta semana em Brasília a 15a e 16a delegações para mais uma rodada de estudos sobre políticas de segurança alimentar e nutricional. Bangladesh e República do Congo enviaram representantes de diversos ministérios para intercâmbio sobre as políticas brasileiras de combate à pobreza e à fome.

Cerca de 10 pessoas compõem a delegação de Bangladesh, entre elas o Ministro da Educação e oficiais do PMA que realizam operações no país. Já para a delegação congolesa, são esperadas 20 pessoas, entre elas os Ministros da Educação, Assuntos Sociais, Agricultura, Saúde, Desenvolvimento Industrial e funcionários do PMA local.

A missão de alto nível tem o objetivo de absorver elementos dos programas de proteção social no Brasil que podem ser úteis para a construção e implementação de planos de combate à miséria.

As visitas, organizadas pelo Centro de Excelência, têm foco no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), já apresentado a outros países em desenvolvimento. A alimentação escolar, aliada ao incentivo da agricultura familiar, demonstrou produzir múltiplos efeitos: melhoria na saúde e educação da crianças, além de promover acesso a mercados para pequenos agricultores.

As missões de estudos contam com o apoio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que organiza junto com o PMA em Brasilia o V Seminário Internacional Políticas Sociais para o Desenvolvimento, entre 8 e 11 de outubro em Brasília.

Além de Bangladesh e Congo, também participam do Seminário representantes do Níger e da África do Sul. Durante quatro dias, os participantes vão debater sobre programas como o Bolsa Família e visitar ações coordenadas pelo MDS, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Centro de Referência de Assistência Social (Cras).

Bangladesh

Localizado no centro-sul da Ásia, Bangladesh possui mais de 150 milhões de habitantes e sofre frequentemente com inundações e ciclones. Cerca de 40% das pessoas vivem abaixo da linha da pobreza e a taxa de analfabetismo chega a 48,2%, de acordo com dados de 2005 do Bangladesh Bureau of Statistics.

O governo de Bangladesh está trabalhando para expandir o Programa de Alimentação Escolar lançado em 2011 e implementado nas regiões mais pobres. O PMA – no país dede 1974 – atende atualmente 2 milhões de pessoas através de diversos programas de assistência alimentar.

Congo

Segundo relatório do PMA de 2010, os conflitos armados na República do Congo (ou Congo Brazzaville) entre 1993 e 2002 agravaram a pobreza e a situação de insegurança alimentar no país. Localizado no centro-oeste da África, o Congo importa 70% da comida consumida pela população de quase 4 milhões de habitantes.

Programas piloto de alimentação escolar foram implementados em algumas regiões. 60% do alimento é fornecido pelo governo e 40% é contribuição do PMA. O governo já manifestou interesse em ampliar programas que melhorem a nutrição das crianças: atualmente uma em cada três crianças abaixo de cinco anos sofre de desnutrição crônica.

Cooperação Sul-Sul

Os dois países terão a oportunidade de trocar experiências com o Brasil e entre eles. Ambos querem aprender como a integração de diferentes políticas sociais podem contribuir para soluções de longo prazo no combate à pobreza.

“As experiências em programas de alimentação escolar, em que os alimentos são comprados a partir de pequenos agricultores locais, podem enriquecer o debate entre o Brasil e os governos da África e da Ásia em torno da promoção do direito à alimentação”, diz o diretor do Centro de Excelência contra a Fome do PMA, Daniel Balaban.

Fonte: ONU