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sexta-feira, 13 de abril de 2012
JUIZ ACUSADO DE ASSÉDIO MORAL É CONDENADO A APOSENTADORIA EM PE
Um juiz de
Pernambuco foi condenado à aposentadoria compulsória acusado de praticar
assédio moral contra seus subordinados na 7ª Vara Criminal de Recife.
A decisão da
Corte Especial do Tribunal de Justiça de Pernambuco é inédita no Estado.
Adeildo de Sá Cruz, que nega as acusações, foi condenado por 11 votos a três.
O relator do
processo enumerou diversos atos de humilhação que teriam sido praticados pelo
magistrado contra servidores. Mais de 50 trabalhadores teriam deixado o setor
em razão das pressões.
De acordo
com relatório do desembargador Sílvio Leitão, o magistrado intimidava
servidores com uma arma sobre a mesa e os obrigava a lhe fazer companhia até as
22h, quando saía para buscar o filho na faculdade.
O relator
diz que um prestador de serviço era obrigado a lavar o carro do juiz
diariamente. Um dos funcionários, segundo o processo, tinha que comprar leite
para o magistrado com o próprio dinheiro sob a justificativa de exercer cargo
de confiança.
O juiz
também teria impedido uma funcionária de ir ao banheiro. Ela acabou urinando na
calça e foi obrigada a limpar o local depois.
A punição
foi publicada ontem (11). A pena prevê que o juiz continue recebendo
proporcionalmente ao tempo de serviço. O valor ainda não foi calculado pela
Justiça, mas deve ficar acima de R$ 15 mil, pois ele atua há 22 anos e tem
salário base de R$ 21,7 mil.
"O
comportamento inadequado e incompatível com função judicante tornou-se uma
prática reiterada e permanente, inviabilizando o bom andamento do serviço, além
de causar nos servidores um desconforto que tornou a convivência
insuportável", diz Leitão no relatório.
Em 2011, o
juiz já havia sofrido censura por atrasar processos.
OUTRO LADO
A defesa do
magistrado negou as acusações e disse estudar medidas a tomar. De acordo com o
advogado Leucio Lemos Filho, é possível pedir ao CNJ (Conselho Nacional de
Justiça) revisão da pena. "Há uma desproporcionalidade entre a acusação e
a pena aplicada. Ele [juiz] é que está se sentindo moralmente atingido."
O advogado
aponta ainda que há um ponto controverso no processo que só foi percebido por
alguns desembargadores. Segundo ele, nem todos os servidores acusam o juiz.
"Existem depoimentos de servidores, de membros do Ministério Público,
advogados e de outros juízes que ou desmentem ou referem que essa conduta que
está sendo divulgada não corresponderia à pessoa dele", afirmou Lemos
Filho.
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