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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Comunismo x Socialismo (Osvaldo Coggiola)

“Que era o Comunismo, no momento em que Marx redige o Manifesto Comunista? O Comunismo já existia na Europa, não foi criado por Marx e Engels, de modo que, tanto o Comunismo quanto o Manifesto Comunista foram produto de determinadas circunstâncias. Para tanto, as teorias que surgiram após a atuação de Marx foi o Marxismo, criado da convergência de fatores históricos vivenciados por Marx. Marx não teria escrito o Manifesto do Partido Comunista (1848) se o Comunismo não fosse uma doutrina já existente. O Comunismo já era um movimento bastante desenvolvido bem antes de Marx se aproximar dele, por isso a primeira frase é ‘um fantasma percorre a Europa, o fantasma do Comunismo’. Marx não estava inventando, pois já existia, esse ‘fantasma’ já tinha uma realidade. O que Marx fez com o Comunismo foi dar ao ‘fantasma’, que era, na verdade, um movimento social, político, um programa político, um sentido, um objetivo histórico e uma orientação política. O Comunismo era uma maneira de designar um conjunto, eu não diria de teorias, mas de doutrinas e, sobretudo, de intenções expressas por grupos de operários e algum ou outro intelectual, mais raramente, que se propunha a submeter revolucionariamente a ordem de coisas existentes. O Comunismo era oriundo das camadas mais baixas da sociedade que chamava, genericamente, Comunismo a uma ordem de coisas em que não houvesse a exploração do homem pelo homem, embora, nas suas formulações não deixasse claro como, através de que vias e porque métodos se poderia chegar a essa tal ordem que era, genericamente denominada de Comunismo e que se baseava na comunidade dos bens, isto é, abolição da propriedade privada. O Comunismo propunha uma superação da ordem existente, eliminar a propriedade privada e declarar os bens, os meios de produção da riqueza social, propriedade comum de toda a sociedade, desta maneira, eliminando a exploração. Em 1848, surge um fator que gerou a necessidade de elaboração de um manifesto, pois dentro dos grupos operários e das camadas oprimidas da sociedade que se propunham, genericamente, a chegar a esta ordem de coisas, se viu a necessidade de tornar explícito, para além das declarações de intenções, um programa histórico e político que tornasse o Comunismo, não apenas uma palavra, ou como dizia Marx, ‘um fantasma’, mas um programa político real. O primeiro fator que vai convergir é a evolução da classe operária em direção da necessidade de formular um objetivo histórico, ou seja, de passar do estágio de organizar conspirações, insurreições, revoltas, etc., para um estágio de expor, publicamente, seus objetivos históricos. O Manifesto Comunista é oriundo da classe operária. O segundo elemento que levou a elaboração do Manifesto Comunista é oriundo da burguesia e da intelectualidade, ou seja, a crise da inteligência ou da intelectualidade, burguesa e pequeno burguesa, que leva muitos dos seus representantes a se aproximar do movimento da classe operária.
Também existia a palavra Socialismo, posteriormente, depois da análise do programa de Gotha, vai se falar em duas faces, o Comunismo e o Socialismo, mas, naquele momento, não se pensava numa primeira fase, com uma sociedade Socialista e depois uma segunda fase, uma sociedade Comunista. Eram duas doutrinas diferenciadas. Socialismo até 1848 designava algo bastante diverso do Comunismo. Em geral, eram designados socialistas todas aquelas pessoas que tinham algum tipo de preocupação social ou que propunham planos de reforma social para que a miséria extrema que a Revolução Industrial tinha provocado na Inglaterra e que começava a provocar em todos os países da Europa continental ou naqueles nos quais a Revolução Industrial começava a se desenvolver, enfim, planos de reforma social ou posicionamentos políticos em favor de uma sensibilidade social maior por parte das autoridades. Todas as pessoas que partilhavam esses posicionamentos políticos eram denominadas socialistas. Poderíamos dizer que o Socialismo era uma doutrina oriunda das camadas sensíveis ou bondosas da burguesia e, eventualmente, da pequena burguesia. Se propunha a reformar a ordem de coisas existentes, tornando-a mais suave, fazendo algumas leis que melhorassem a situação dos operários, dos camponeses pobres, dos pobres da sociedade. O Socialismo era a manutenção da propriedade privada dos bens, ou seja, a manutenção da propriedade privada, com leis sociais que mitigassem os extremos de pobreza, de miséria, de opressão que essa ordem produzia. Em 1848 já havia diversos manifestos socialistas e surge o primeiro manifesto comunista. Por isso, anteriormente ao Manifesto Comunista, Engels se refere ao Socialismo, pejorativamente, como uma tentativa de renovar uma ordem de coisas que está podre na sua própria base.”

(Osvaldo Coggiola. Curso Livre Marx e Engels - "Manifesto Comunista" e "Crítica do Programa de Gotha" | Aula 2)

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