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domingo, 6 de abril de 2014

Jornal se infiltra entre operários da Copa no Catar: 'Campo de escravos'

Após denúncia da morte de cerca de 1.200 pessoas na construção de arenas do Mundial de 2022, 'Daily Record' revela detalhes sobre péssimas condição de trabalho
Uma semana após o jornal inglês "Mirror" denunciar as péssimas condições de trabalho dos operários das obras dos estádios para a Copa do Mundo no Catar, em 2022, o "Daily Record" revelou novos detalhes sobre o problema neste domingo. Na reportagem, o diário afirma ter visitado secretamente os locais onde os trabalhadores moram e trabalham, depois do outro relato que afirmava que 1.200 pessoas já morreram por viverem em condições desumanas, obrigadas a morar em lugares sujos, com pouca higiene e bebendo água salgada.
De acordo com o "Daily Record", jovens saudáveis estão morrendo de ataques no coração por conta de exaustão e de temperaturas acima de 40º. A reportagem ainda denuncia trabalho escravo, uma vez que alguns operários sequer estariam recebendo salários, e muitos imigrantes teriam seus passaportes retidos, o que os impediria de retornar a seus países de origem. A maioria vem de nações pobres como Sri Lanka, Nepal e Bangladesh e vive em campos miseráveis.
Ao ser informado sobre o teor da reportagem, o secretário internacional do Trabalho, Jim Murphy, disse que o Catar precisa rever a maneira como está construindo seus estádios e cobrou medidas urgentes da Fifa.
- Como Catar se prepara para 2022, o abuso tem que parar. O futebol não pode tolerar uma Copa do Mundo construída nas costas dos trabalhadores, com abuso, miséria e sangue. Em meus encontros com os responsáveis do Catar 2022, eles fizeram algumas grandes promessas de mudança. Após esta investigação, é urgente que eles se pronunciem. À medida que o trabalho começa nos estádios, a pressão internacional tem de ser intensificada. A Fifa deve agir rápido – disse Jim Murphy ao "Daily Record".
Na última quarta-feira, o governo do Catar se pronunciou e disse que os imigrantes estão sendo “muito bem tratados” e que as condições de trabalho nos canteiros de obras melhoraram significativamente nos últimos meses.
No mesmo dia, no entanto, a reportagem do "Daily Record" visitou um dos campos onde moram mais de dois mil operários. Segundo a reportagem, os trabalhadores usam água salgada para beber, tomar banho e lavar roupas. O cheiro de esgoto é constante, e as refeições são preparadas de maneira precária, uma vez que não há sinais de geladeiras e freezers. Na maioria dos casos, 12 pessoas dormem em pequenos quartos de 16m².
A Fifa passou a sofrer pressão para interceder após a revelação do número de mortes nas construções no Catar. Inicialmente, a entidade não tomou qualquer providência, mas o presidente Joseph Blatter resolveu agir e enviar, no próximo mês, o advogado alemão Theo Zwanzieger para verificar o que está acontecendo. Uma equipe de líderes sindicais britânicos e deputados criticou a preparação para a Copa de 2022 com o argumento de que o país está fazendo obras "sobre o sangue e a miséria de um exército de trabalho escravo".
Trabalhadores de países como Índia e Nepal são as principais vítimas. Ainda segundo o "Daily Record", há um acampamento no centro de Doha, capital do Catar, onde trabalhadores dormem amontoados numa pequena sala infestada de baratas.
Com a necessidade de obras para 12 estádios para a Copa do Mundo, entre 500 mil e um milhão de trabalhadores podem chegar ao país para participar das construções.


Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/noticia/2014/04/jornal-se-infiltra-entre-operarios-da-copa-no-catar-campo-de-escravos.html

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