Páginas

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Reflexão: As elites da sociedade do trabalho não têm o direito de desfrutar de nenhuma pausa

[...] O conteúdo qualitativo da produção conta tão pouco do ponto de vista do trabalho como do ponto de vista do capital. Apenas interessa a possibilidade de vender de forma optimizada a força de trabalho. Não se trata de determinar colectivamente o sentido e a finalidade da actividade própria. [...] Hoje interessa apenas o «posto de trabalho», o «emprego» - e a própria literalidade destes conceitos demonstra o carácter autotélico de todo o empreendimento e a privação de responsabilidade que caracteriza os envolvidos.
Em última análise, o que se produz, para que fins e com que consequências, é assunto absolutamente indiferente tanto para o vendedor da mercadoria, que é a força de trabalho, como para o respectivo comprador. Os trabalhadores das centrais nucleares e das fábricas de produtos químicos protestam veementemente quando se pretende desactivar as suas bombas-relógio. E os «empregados» da Volkswagen, da Ford ou da Toyota, são os mais fanáticos defensores do programa suicida da indústria automóvel. Não apenas porque têm obrigatoriamente de se vender para «poderem» viver, mas porque na realidade se identificam com esta existência tacanha. [...] O trabalho forma a personalidade, dizem eles. Com razão. Forma de facto a personalidade dos zombies da produção de mercadorias, que já não conseguem conceber uma vida fora da sua amada engrenagem, à qual se vão ajustando dia após dia. [...] as elites da sociedade do trabalho não têm o direito de desfrutar de nenhuma pausa. [...] Não estão autorizados - menos ainda do que a qualquer outro indivíduo - a interrogarem-se sobre o sentido e sobre as consequências da sua infatigável actividade, e não podem dar-se ao luxo de ter sentimentos ou atenções. É por isso que se consideram realistas quando devastam o mundo, desfiguram as cidades e levam as populações à miséria no meio da maior riqueza.

Fonte: Manifesto conta o Trabalho - Grupo Krisis

Nenhum comentário:

Postar um comentário