O Movimento
em Defesa dos Trabalhadores da SAMEAC (MDTS) foi criado, de forma autônoma e
independente, pelos obreiros que se viram prejudicados pela Portaria nº
208/2015 do Ministério da Educação (MEC), impondo a despedida de todos até
31/12/2015 dos mais de setecentos trabalhadores, para os quais o Poder Público
não sinalizou com nenhuma medida de transição ou renovação de convênios com a
UFC ou com a EBSERH.
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Entrevista à TV e Rádio Verdes Mares com o jornalista Aurélio Menezes |
Desde sua instituição
diversas ações jurídicas e políticas vem sendo desenvolvidas objetivando
encontrar solução de continuidade para os vínculos dos trabalhadores que
laboram há dezenas de anos junto à UFC.
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Apoiadoras Toinha e Keila Camelo - Coordenação Geral do SINTUFCE (servidores da UFC) |
Dentre os
últimos encaminhamentos, o Movimento em Defesa dos Trabalhadores da Sameac
(MDTS), junto com o Coletivo Crítica Radical, o Sindsaúde e demais sindicatos
representantes dos trabalhadores no Complexo Hospitalar, reuniu-se na terça-feira
(15), às 9 horas, na sala “C” do Hospital das Clínicas, para definir os
próximos passos da classe trabalhadora.
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MDTS recebe apoio total dos servidores da UFC em Assembleia Geral na Reitoria |
No CONFASUBRA
(Congresso Nacional que reúne todas as entidades representativas dos servidores
das Instituições Federais de Ensino do Brasil), em Poços de Caldas/MG, os delegados do
Congresso assinaram uma moção de apoio aos empregados da SAMEAC. A moção foi
conseguida após apresentação e convencimento por Keila Camelo de um áudio e um
texto do advogado do MDTS Clovis Renato sobre a situação jurídica da SAMEAC na
UFC. Após tal “corpo a corpo” em favor do MDTS, a moção foi aprovada por
unanimidade pelos 1300 delegados do Congresso da FASUBRA, sendo encaminhada ao
MEC, à UFC, à EBSERH, à SAMEAC, parlamentares federais e outros.
Na última
sexta-feira (12), em uma audiência na Procuradoria Regional do Trabalho, a EBSERH
informou que já está disponível o valor de R$ 1.800.000,00 (Um milhão e
oitocentos mil reais) para garantir o pagamento das verbas rescisórias. Mas, o
representante da EBSERH ressaltou que “acredita
que a União irá garantir todos os recursos necessários para que a SAMEAC quite
todas as verbas trabalhistas a seus empregados que laboravam junto à UFC”.
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Na PRT presença maciça dos trabalhadores que tiveram de ficar do lado de fora do MPT |
No MPT, a Sameac
destacou que o reitor da UFC vai pedir ao Ministério Público Federal a
prorrogação do contrato com a entidade, ao menos até o fim de 2015, uma vez que
os contratos atuais se encerram em julho e agosto de 2015. Tal pedido se dá em face da EBSERH ainda manter diversos contratos com Cooperativas e subcontratadas além da SAMEAC, de modo que a saída dos trabalhadores neste momento pode inviabilizar a continuidade do serviço público. A situação dos trabalhadores sameaqueanos, em si considerados, ainda não é mencionada pela instituição. LEIA A ATA DO MPT - 2ª AUDIÊNCIA
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Reunião com sindicatos e trabalhadores na Sala C do Complexo Universitário |
Ao final da
audiência, ficou acertado entre a categoria, o MDTS e os sindicatos, procurarem
o MPF para pleitear a prorrogação, o que ocorreu com protocolo do pedido de
audiência ao Procurador da República Marcelo Monte, titular da Ação Civil
Pública que impõe a substituição dos trabalhadores da SAMEAC, estando os
trabalhadores no aguardo do despacho do MPF.
As ações
junto à sociedade correrão a partir desta semana, com passeatas e entrega da “Carta
dos Trabalhadores da SAMEAC à Sociedade”, nos termos seguintes:
“Saúde: Trabalhadores com
29 anos de serviço ameaçados de perder os empregos no Complexo Hospitalar da
UFC
O governo impôs as
demissões em massa até o dia 31 de dezembro de 2015 (Portaria 208 do MEC), gerando
indescritível abalo moral nos trabalhadores e robusta sensação de impotência
causadora, inclusive, de assédio moral coletivo, conduta discriminatória e
despedidas arbitrárias de mais de 700 pessoas na SAMEAC, que funciona junto a
UFC há 51 anos.
Discriminatória pois a
maioria dos trabalhadores está entre 40 e 60 anos de idade e até 29 anos de
serviço junto à UFC. Arbitrária por não terem dado motivo em seus serviços para
serem despedidos e estarem entre os mais capacitados e experientes na saúde do
Estado do Ceará, corresponsáveis pela posição do hospital como referência
nacional em transplante de fígado e rins.
A SAMEAC, com seus
trabalhadores e trabalhadoras, funciona prestando serviços diretamente à UFC,
Hospital Universitário (HUWC) e Maternidade Escola (MEAC), sendo completamente
financiada pelo Poder Público, sem patrimônio próprio, com mais de setecentas
pessoas em atividade, em grande parte com mais de vinte e nove anos de serviço.
Nunca teve fins lucrativos, não recebe remuneração contratual como SAMEAC e os
bens que foi adquirindo foram repassados à UFC, o que demarca sua situação
diferenciada, a qual deve receber tratamento, também, excepcional.
Há casos idênticos no
Brasil em que os trabalhadores foram preservados, respeitando as pessoas que
estão com aposentadoria próxima e impondo a responsabilidade solidária pelo
pagamento das verbas rescisórias à Universidade. Foi o que ocorreu entre a
FUNPAR e a UFPR, no Paraná, que firmaram acordo extrajudicial junto ao MPT e
conseguiram preservar 916 empregados por mais cinco anos. Ainda, o STF (ADIN nº
1.923/DF), em 16/04/2015, decidiu sobre a constitucionalidade do tipo de
serviço prestado por instituições sem fins lucrativos como a SAMEAC junto à
saúde, o que impõe o afastamento de decisões contrárias, como a do TCU de 2006.
De modo infeliz, o Poder Público do Ceará e a UFC/EBSERH não
se manifestam com relação a manutenção dos vínculos destes mais de 700 pais e
mães de família que prestam serviços de saúde aos cearenses há anos, o que
faz com que os trabalhadores, desesperados pelo medo da perda de seus empregos
e pela consciência da dificuldade de obterem novos empregos por estarem com
idade superior a 40 anos, lutem e procurem apoios para a causa.
Nesse sentido, clama-se
pelo apoio da sociedade para que estas mais de 700 pessoas humanas possam ter
sua dignidade respeitada, como já ocorreu em outros estados.
Obrigado pela atenção.
MDTS”
Na última
reunião no Complexo Hospitalar, Teresa Neuma (MDTS) tratou da importância de reuniões
semanais para dar os informes aos trabalhadores da Sameac, bem como ressaltou a
necessidade dos demais trabalhadores se envolverem no movimento.
Thiago
Pinheiro (advogado do MDTS) justificou a ausência do advogado do MDTS Clovis
Renato, em assembleia no Município de Quixadá com os servidores da UFC. Em
seguida, trouxe os informes jurídicos detalhando o ocorrido na audiência na
Procuradoria Regional do Trabalho e ressaltando a participação do Coletivo Crítica
Radical (Professora Maria Luiza Fontenele).
Destacou o
Trabalho da Assessoria Jurídica do MTDS que não se resume às audiência
extrajudiciais, mas principalmente à toda dedicação do seu companheiro de
Trabalho, Clovis Renato, ao noticiar e divulgar todas as ações do movimento
dando visibilidade as vários organismos nacionais e internacionais. A
assessoria jurídica, acima de tudo, se sensibiliza com a situação dos
trabalhadores, mas necessita de mais participação dos interessados nas ações
junto à sociedade.
Rosa da
Fonseca (Coletivo Crítica Radical) fez um apanhado de todo o envolvimento e
apoio da Crítica Radical destacando a importância da luta e organização dos
trabalhadores, repisando que o MTDS não se limitava a Valúzia, Teresa Neuma e
Telma, mas a todos. Reiterou a necessidade de realizar um seminário para que os
trabalhadores pudessem compreender melhor as razões do que está posto.
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Dr. Thiago Pinheiro (advogado MDTS) fala na reunião do dia 16/05 |
Por fim, lamentou
a dispersão e falta de envolvimentos dos demais trabalhadores, bem como
ressaltou a ausência dos trabalhadores na palestra sobre marxismo, oportunidade
que foi esclarecido sobre a lógica do sistema, na obra de Postone.
Marta (Presidente
do Sindsaúde) ressaltou a dedicação do Sindsaúde e de que não há mais dúvida
sobre o apoio dado ao MTDS, bem como que os trabalhadores devem se envolver
mais diretamente. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Saúde (CNTS),
acatando e entendendo as justificativas trazidas pelo Dr. Clovis Renato,
protocolará medida judicial junto ao Supremo Tribunal Federal, contra a decisão
do TCU (2006).
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Tereza Neuma (MDTS) esclarece os trabalhadores e encaminha ações |
Valúzia
Guedes coordenou os encaminhamentos políticos, restando definido que no dia 17
os trabalhadores seu reuniriam nas mangueiras junto ao movimento grevistas do
Sintufce para divulgar a carta do MTDS; e que no dia 18 será realizada uma
caminhada na José Bastos, assim como outras atividades.
Atividades
18/06: panfletagem divulgando a luta dos trabalhadores da SAMEAC e dirimindo dúvidas à sociedade;
22/06: panfletagem e presença na reitoria, durante a reunião com o reitor da UFC.